Que as pulgas de mil camelos invadam os corpos de meus leitores que não deixam comentários. Think about!

terça-feira, 19 de março de 2013

Banheiro limpo, é algo que se come frio

Eu e meu primo naquele dia
Outono de 1989!
Essa é a história de uma punhalada pelas costas dentro da própria família.
Estava brincando com meu primo Daniel e ao mesmo tempo saboreando uma bolacha trakinas que eu tinha.
O Daniel me pediu uma bolacha, e eu dei. Depois me pediu outra e eu tambem dei. Depois pediu outra e mais outra e mais outra... até que chegou a última e eu falei que não! Assim, curto e grosso. Vcs podem estar pensando que eu era egoista e tudo mais, mas não sou. Eu não dei por dois motivos:
1. O pai do Daniel era dono de padaria, e ele podia ter todas as bolachas que quissesse. Assim como enroladinhos, chipas, pizzas, salgadinhos, pães de queijo, esquines, toddynhos, iogurtes e tantas outras coisas deliciosas que um filho de padeiro pode ter;
2. Sabe-se lá quando eu teria oportunidade de comer outra trakinas. Em casa não tinha dessas coisas. sempre que eu comia era na casa do patrick, quando eu entrava sorrateiro pela casa, e pegava uma ou nove bolacinhas, escondido. Além do mais, pelo que me lembro, depois desse dia eu fiquei uns 4 meses sem ter o gosto de uma gordura trans na minha vida.
Bom, agora que vcs já sabem pq eu não dividi aquela bolacha, podemos voltar ao texto.
O Daniel, não gostou nada de eu não ter dado a última e preciosa bolacha trakinas para ele. Então ele, como uma cobra faminta, bolou um plano de vingança para mim. Sim, meus leitores, o Daniel é do tipo sabidão... malandrão, desde criança. E o pior, ele sabia que vingança era um prato que se comia frio, e como um bom estrategista, armou o bote e esperou sabiamente o momento de atacar.
Traduzindo, continuamos brincando como se nada tivesse acontecido.
E brincamos de carrinho, pois ele levou os dele. Brincamos de bicicleta, pois ele levou a dele, jogamos bola, pois ele tb levou a dele. Brincamos muito até que chegou a hora de irmos tomar banho.
Eu tive que sair para limpar a bagunça lá fora enquanto Daniel tomava banho. Quando o infeliz saiu, minha irmã e mãe quase que chegaram ao nirvana. Pois o viadinho do meu primo saiu do banheiro e deixou ele mais limpo que quando entrou. O perfeito trabalho de uma doméstica de 30 anos de experiência.
E então, eu que estava voltando para dentro de casa, com as gotas do sereno em meu corpo, misturado com o suor de quem estava trabalhando lá fora e com um cheiro caracteristico, pude observar as duas falando coisas do tipo:
Irma: Isso que e menino!
Mãe: Esse menino vai longe
Irmã: Por que o gabriel não é assim?
Mãe: Esse menino é um primor.
E ficavam passando a mão na cabeça dele, enquanto assavam uns biscoitos para ele comer.
Ele me olhava de lado com a típica cara de um descendente de mexicano com ódio nos sangres.
Eu é claro não estava entendendo nada, e inoscentemente perguntei:
_Por que estão falando assim com ele?
E fui interrompido com um grito gutural de minha mãe dizendo:
_ Vai tomar banho pobre diabo!
E eu fui... se eu fosse um cachorro, tinha colocado o rabo entre as pernas, mas como não sou, levantei a cabeça e fui com dignidade, e corpo suado de quem limpou toda a sugeira lá de fora.
Tomei meu banho sossegado. Esfreguei as partes, as dobras, lavei o cabelo, o subaco, escovei os dentes e deixei o banheiro como qualquer criança que não tenhas planos de vingança deixaria.
Quando eu abri a porta e senti o cheiro dos biscoitos, fiquei feliz. Eu queria era cantar de felicidade... mas novamente fui interrompido pela minha irmã, mãe e Daniel.
Mãe: Mas que merda é essa?
Eu: hã?
Irmã: Que zona é essa no banheiro?
Eu: Hum?
Daniel: tsc tsc primo.
Eu: Maldito... vou te matar...
Mãe: Ninguem vai matar ninguem. A não seu eu se vc não arrumar toda essa folia no banheiro.
Eu: Mas...
Mãe: Nem "mas" nem "menos"... ora seu moleque, vai aprender a respeitar o trabalho alheio...
E toma-le porrada...


enquanto eu apanhava, minha irmã servia os biscotinhos amanteigados para o filho do padeiro, e eu apenas ali rezando para que tudo aquilo acabasse, e constantemente me perguntava:


_oh Lord, why me? I don't diserve a normal life, like other children?

tudo é relativo

Resumindo...
Eu limpei lá na frente, limpei o banheiro, apanhei, fui submetido a efeitos morais, e quando estava mais uma vez cansado, foi que notei que não tinha mais nenhum biscoito na bandeja.
O Primo do coração, comeu tudo na varanda e deixou farelo para tudo que é lado.
E é claro, que ele me olhou e disse:
Desculpe primo, mas se eu fosse vc eu limpava isso, pq sua mãe ta brava.
e é por isso que durante os próximos 6 anos, eu dei uma sumida.
fim

3 comentários:

Anônimo disse...

É Gabriel acho que vou procurar uma psicóloga,pois eu te maltratei muito na sua infância...Nunca vi você escrevendo nada que eu tenha feito de bom pra você,se fosse nos dias atuais eu perderia a guarda sua pro conselho tutelar...Pensa nisso...Será que é por tudo isso que você esta se afastando de mim...
Sua mãe,Norma

Djavan Loureiro disse...

Dodi deus ta vendo oq vc anda escrevendo, todo mundo sabe que vc tinha tudo do bom e do melhor qnd crianças, eu sim cresci nos guetos e só comia qnd as ongs entregavam a cesta basica la na minha casa.

Obs: Em 89 não existia Trakinas!!

Anônimo disse...

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