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terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Criança problema 2 - a pipa, pandorga, papagaio ou sei lá o que

O que dar de presente para o filho ou filha

Era um dia normal na rua Manoel Cavalcanti Proença, em alguma data remota entre 1989 e 1991. Pois é... como disse no post anterior, algo terrível estava por acontecer.

Foi o dia em que o pessoal estava soltando pipa. Todos tinham suas pipas, menos eu.
O Gabrielzinho (kiko), tinha uma pipa comprada do he-man, muito massa porém não era como eu queria. Queria uma de papel de seda com bambu e rabiola de sacola do comper.

O pessoal já estava me tratando como leproso por eu não ter uma pipa. 
Diziam algo do tipo:

"Deixa o Gabriel para lá, ele nem tem pipa mesmo!"

Só não chorava pois não era coisa de menino. Minha vontade era de enfiar um sabonete na guela deles todos.

Mas percebo hoje que isso era apenas um sentimento de invejinha.

Estava com medo de pedir pro meu pai fazer uma pipa para mim, uma vez que eu era bem criança e não sabia nem amarrar os cadarços direito. O problema é que meu pai tinha uma visão destorcida das coisas que eu gostaria de ter. Uma simples pipa poderia se tornar um grande problema em minha fase adulta.

Mesmo sem saber o que fazer, fui na mercearia "lá cabaça" que ficava no bairro caiçara e comprei um bambu, papel de seda e linha 10. Cola eu já tinha.

Tentei passar desapercebido na minha casa com todo aquele material. Era um sábado e minha irmã não estava em casa (provavelmente namorando). Minha mãe vendo TV (provavelmente Silvia Popovic) e meu pai ao lado dela (provavelmente pensando em quanto era sortudo por ser meu pai... ou não).

Fiz o mínimo de barulho possível para que ele não me visse, mas foi inevitável, pois com toda minha habilidade ninja em não fazer barulho, acabei fazendo.

Meu pai logo apareceu com a maior boa vontade do mundo. Nem sei se tanto para me ajudar, mas com certeza para mostrar que ainda não estava enferrujado e ainda sabia fazer uma boa pipa.

Meu Deus, que medo. Meu pai se propôs a fazer a melhor pipa da América latina para mim. E eu acreditei é claro... mas como todo paraguaio, fiquei... "Deconfiaaado".

Logo ele pôs a mão na massa e começou sua obra de arte. Todo orgulho como um herói  foi iniciando a sua pipa sempre com palestras paralelas de como ele era o "campeão de pipas em seu tempo". Cara... meu pai participou de tantos campeonatos que nem me lembro mais.

Para que saibam, uma pipa clássica é composta por três varetas de bambu, uma grande e duas menores, onde a grande fica no meio e as duas menores em suas extremidades.
Depois é o momento de passar a linha 10 para concluir a armação. Quando isso acaba é o momento de colocar o papel de seda.

Mas como vcs já conhecem meu pai do post anterior (veja aqui), podem concluir que ele não fez isso, e eu não podia questiona-lo.

Pois questionar meu pai sobre se ele sabe o que está fazendo pode ser tão pior do que jogar água nos gremlins.

No final de tanto sofrimento, pois não era nada daquilo que queria, minha pipa estava pronta. E meu pai como quem entrega um canudo de formatura de medicina na federal, me entregou a tão sonhada pipa, que me tiraria do vale dos leprosos.

O esquema das pipas

Era uma pipa "Balão". Acredito que se algum leitor de mais de 60 anos ler isso, vai dizer que essa pipa existe, más alguém da minha geração com certeza não.


A não ser o pessoal da minha rua que viu a pipa. huauha. Com a pipa nova, eu devia me sentir bem. De volta ao convívio social de uma criança, mas não era isso que sentia.




A pipa era trágica, pois não dava de bico e não podia colocar cerol. Mas no fim deu tudo certo, pois aprendi a fazer minha própria pipa que ficavam pensas até meus 13 anos. 

Depois saíram certinhas. Bom... não era assim algo que se possa dizer: "Nussssa! mas que bela pipa certinha" Mas dava pro gasto.

Enfim... eu cheguei em meu pai como um homem e disse obrigado, e meu pai respondeu da seguinte forma.


domingo, 3 de fevereiro de 2008

Criança problema 1 - carrinho de rolimã - traumas de infância

O que dar de presente para o filho ou filha

Eu e meus traumas de infância... depois de vender manga, andar com chinelos de garrafas de plastico e tudo mais... deixo aqui uma história para vcs.

Era um dia normal na rua Manoel Cavalcanti Proença, em alguma data remota entre 1989 e 1991.

Eu ainda era bem criança, quando a febre na rua se tornou o "Rolimã". Meus amigos todos tinham o seu rolimã, que o pai tinha feito, (menos o Gabrielzinho, que tinha o pai riquinho e havia comprado o seu. O Gabrielzinho era como o Kiko do Chaves.)

Meu querido pai percebendo minha frustração por não ter o meu carrinho de rolimã e percebendo que já estava implantada uma situação de exclusão social com a minha pessoa por eu não possuir o carrinho de rolimã, se propôs a fazer um para mim. E com a maior disposição do mundo voltou para casa com o material.

Nossa, era um grande dia... pois poderia brincar com todos sem ser o excluído ou tratado como leproso por não ter o carrinho.
Já cheguei apavorando meu pai, com dicas de como fazer o rolimã, me baseando nos melhores carros de rolimã que uma criança de até 8 anos já tinha visto.

Meu pai bem sossegado disse algo do tipo: "Calma guri, eu quando era criança era o campeão do rolimã"... E eu que imaginava que nem havia campeonato para essas coisas.

O Rolimã é composto por 3 rodas de rolimã, uma madeira grande para sentar e um pedaço de pau para colocar os pés. Mas quando fiz a contagem do material do meu pai, percebi que tinham peças a mais, como por exemplo um 4º rolimã, que logo imaginei ser o estepe. Porém nunca ouvi falar de um rolimã que furasse.

Sem contar uns pedaços de pau a mais.

Fiquei doido e perguntei para o meu pai se ele sabia o que estava fazendo. Nossa.... (o tempo fechou) me arrependo disso até hoje. 

NUNCA PERGUNTEM PARA MEU PAI SE ELE SABE O QUE ESTÁ FAZENDO, pois ele processa essa informação em sua cabeça como algo do tipo: "e ai florzinha, ta afim de levar umas porradas". Acho que ele apenas se conteve pois era meu pai e eu uma criança que tomaria conta de sua vida quando velho. Porem pude ver que ele segurou firme o martelo e me olhou com a cara do Jack Nicholson naquele filme que interpreta um psicopata.


a cara do meu pai quando alguém 
pergunta se ele sabe o que fazendo

Bom, decidi deixar o "mestre profissional" em criação de rolimã trabalhar.

Mas quando vi o negócio ficando pronto comecei a ficar assustado.

Ele estava ficando bem diferente do que queria.


Rolimã do meu pai e o comum. Alias... um puta 
projeto de engenharia do meu velho.


Ai ai ai... quando ficou pronto e vi o rolimã, comecei a chorar compulsivamente e meu pai claro não acreditava no que via.

Era o melhor que podia fazer. O rolimã era bem diferente do que o pessoal da rua tinha. Eu já antecipava a situação.

Seria tratado como o leproso excluído para o resto da vida, já me via com 50 anos sendo apontado na rua como "Hey... olhem, é o cara do Rolimã".

Sai correndo para meu quarto e chorava chorava... Até que minha mãe e meu pai foram falar comigo.

E meu pai disse algo que não adiantou muita coisa, mas pelo menos parou meu choro.

Ele disse: "é... seu carrinho ficou igual a um MONZA!" Olha minha cara quando ele disse isso. 


minha cara quando ouvi que
meu carrinho parecia um monza


E para quem não conhece, o chevrolet monza em questão:




Bom, de qualquer forma, eu fui convencido a voltar para meu convívio social que a pouco havia abandonado, e vi a gurizada brincando com meu Rolimã e rindo.

Foi bem legal, me senti de volta. Já podia brincar de novo. Fiquei bem feliz, não era mais o leproso.

Falei para meu pai, "você é o melhor pai do mundo". e ele, "é... sei!"


"eu sei..."


Bom, mas isso durou apenas até eu querer uma pipa. 
Amanhã escrevo sobre essa história.

t+





Como educar seus filhos! Ou como não educar seus filhos. Nostalgia e brincadeiras de criança. A melhor fase da vida.