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domingo, 3 de fevereiro de 2008

Criança problema 1 - carrinho de rolimã - traumas de infância

O que dar de presente para o filho ou filha

Eu e meus traumas de infância... depois de vender manga, andar com chinelos de garrafas de plastico e tudo mais... deixo aqui uma história para vcs.

Era um dia normal na rua Manoel Cavalcanti Proença, em alguma data remota entre 1989 e 1991.

Eu ainda era bem criança, quando a febre na rua se tornou o "Rolimã". Meus amigos todos tinham o seu rolimã, que o pai tinha feito, (menos o Gabrielzinho, que tinha o pai riquinho e havia comprado o seu. O Gabrielzinho era como o Kiko do Chaves.)

Meu querido pai percebendo minha frustração por não ter o meu carrinho de rolimã e percebendo que já estava implantada uma situação de exclusão social com a minha pessoa por eu não possuir o carrinho de rolimã, se propôs a fazer um para mim. E com a maior disposição do mundo voltou para casa com o material.

Nossa, era um grande dia... pois poderia brincar com todos sem ser o excluído ou tratado como leproso por não ter o carrinho.
Já cheguei apavorando meu pai, com dicas de como fazer o rolimã, me baseando nos melhores carros de rolimã que uma criança de até 8 anos já tinha visto.

Meu pai bem sossegado disse algo do tipo: "Calma guri, eu quando era criança era o campeão do rolimã"... E eu que imaginava que nem havia campeonato para essas coisas.

O Rolimã é composto por 3 rodas de rolimã, uma madeira grande para sentar e um pedaço de pau para colocar os pés. Mas quando fiz a contagem do material do meu pai, percebi que tinham peças a mais, como por exemplo um 4º rolimã, que logo imaginei ser o estepe. Porém nunca ouvi falar de um rolimã que furasse.

Sem contar uns pedaços de pau a mais.

Fiquei doido e perguntei para o meu pai se ele sabia o que estava fazendo. Nossa.... (o tempo fechou) me arrependo disso até hoje. 

NUNCA PERGUNTEM PARA MEU PAI SE ELE SABE O QUE ESTÁ FAZENDO, pois ele processa essa informação em sua cabeça como algo do tipo: "e ai florzinha, ta afim de levar umas porradas". Acho que ele apenas se conteve pois era meu pai e eu uma criança que tomaria conta de sua vida quando velho. Porem pude ver que ele segurou firme o martelo e me olhou com a cara do Jack Nicholson naquele filme que interpreta um psicopata.


a cara do meu pai quando alguém 
pergunta se ele sabe o que fazendo

Bom, decidi deixar o "mestre profissional" em criação de rolimã trabalhar.

Mas quando vi o negócio ficando pronto comecei a ficar assustado.

Ele estava ficando bem diferente do que queria.


Rolimã do meu pai e o comum. Alias... um puta 
projeto de engenharia do meu velho.


Ai ai ai... quando ficou pronto e vi o rolimã, comecei a chorar compulsivamente e meu pai claro não acreditava no que via.

Era o melhor que podia fazer. O rolimã era bem diferente do que o pessoal da rua tinha. Eu já antecipava a situação.

Seria tratado como o leproso excluído para o resto da vida, já me via com 50 anos sendo apontado na rua como "Hey... olhem, é o cara do Rolimã".

Sai correndo para meu quarto e chorava chorava... Até que minha mãe e meu pai foram falar comigo.

E meu pai disse algo que não adiantou muita coisa, mas pelo menos parou meu choro.

Ele disse: "é... seu carrinho ficou igual a um MONZA!" Olha minha cara quando ele disse isso. 


minha cara quando ouvi que
meu carrinho parecia um monza


E para quem não conhece, o chevrolet monza em questão:




Bom, de qualquer forma, eu fui convencido a voltar para meu convívio social que a pouco havia abandonado, e vi a gurizada brincando com meu Rolimã e rindo.

Foi bem legal, me senti de volta. Já podia brincar de novo. Fiquei bem feliz, não era mais o leproso.

Falei para meu pai, "você é o melhor pai do mundo". e ele, "é... sei!"


"eu sei..."


Bom, mas isso durou apenas até eu querer uma pipa. 
Amanhã escrevo sobre essa história.

t+





Como educar seus filhos! Ou como não educar seus filhos. Nostalgia e brincadeiras de criança. A melhor fase da vida.